Como já vimos anteriormente, a expansão imperialista no final do século XIX fez com que as principais potências capitalistas européias entrassem numa disputa direta pelas colônias e áreas de influência econômica nos continentes africano e asiático. Essa disputa, aos poucos, estava chegando ao ponto de se transformar num conflito bélico de grandes proporções.
A disputa econômica estava se transformando em uma disputa política e até mesmo ideológica. Valia-se de tudo para justificar a hostilidade ao inimigo. Os sentimentos de nacionalismo, revanchismo e preconceito foram estimulados a fim de convencer as massas dos respectivos países aderirem à cruzada pela derrota do inimigo.
Entre o final do século XIX e o início do século XX a economia alemã se desenvolveu tanto, a tal ponto de ameaçar o domínio inglês nos mercados internos da Europa. Ameaça também, através da pressão diplomática e outros métodos coercitivos, o império colonial britânico. Os ingleses, por sua parte, buscavam justificar um futuro conflito com os germânicos através de uma propaganda ideológica que dizia que o barbarismo alemão queria dominar o mundo, e que era obrigação da Inglaterra salvaguardar a civilização européia.
E isso se repetiu com os outros países contrários entre si. A tal ponto de criar um clima de hostilidade no ar. A França, por exemplo, derrotada na guerra Franco-Prussiana de 1870 e espoliada da rica região da Alsácia-Lorena, aspirada a revanche contra os alemães. A expectativa de que uma guerra entre as nações poderia estourar a qualquer momento fez com que houvesse uma verdadeira corrida armamentista, estimulando a larga produção de material bélico, o crescimento dos efetivos militares e o grande desenvolvimento de tecnologias da “morte”. A esse período de tensão nós damos o nome de Paz Armada.
Além disso, ocorreu uma busca por alianças que garantissem uma balança favorável na hora de um conflito direto. Em 1882 a Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro formaram a Tríplice Aliança. Para contrabalançar este grupo, seus rivais Inglaterra, França e o Império Russo formaram a Tríplice Entente em 1907.
Agora só faltava o estopim (desculpa) para as nações iniciarem a grande guerra. E elas não tardaram a surgir. A primeira delas foi a chamada Crise Marroquina. Entre o período de 1905 e 1911, França e Alemanha quase declaram guerra por causa da disputa pelo Marrocos, no norte da África. A solução, por enquanto, foi resolvida diplomaticamente através da Conferência de Algeciras, onde o Marrocos ficou sob domínio francês, enquanto parte do Congo era cedido aos alemães.
Um outro foco de instabilidade foi a Questão Balcânica. A região da Europa Oriental era economicamente mais atrasada que a Europa Ocidental. Por isso mesmo virou foco das atenções das potências capitalistas. Nos Bálcãs viviam inúmeros povos de origem eslava, mas o predomínio político há muito tempo era dos austríacos, que através de seu império, subjugada quase todos estes povos. Já a Rússia, disfarçava seu interesse imperialista pela região anunciando ser a grande protetora dos povos eslavos e não aceitava o domínio austro-húngaro dos Bálcãs. A situação piorou quando os austríacos anexaram a Bósnia-Herzegovina, estimulando o clima nacionalista dos eslavos. E não podemos esquecer também dos interesses da Alemanha na região, que previa a construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá, se ligando as ricas jazidas de petróleo do Império Otomano, ambos contrários à Rússia.
Foi neste contexto que ocorreu o famoso Atentado de Sarajevo, onde o príncipe austríaco Francisco Ferdinando foi assassinado na capital bósnia em 28 de junho de 1914 por uma organização terrorista chamada Mão Negra. O Império Austro-Húngaro acusou o governo da Sérvia (aliada da Rússia) pelo atentado. A troca de acusações acabou servindo de pretexto para os austríacos declararem guerra aos sérvios. Então o sistema de alianças foi acionado e foi como um efeito dominó. A Rússia declarou guerra à Áustria, a Alemanha declarou guerra à Rússia, a França declarou guerra à Alemanha e posteriormente a Inglaterra declarou guerra aos alemães, dando início a Primeira Guerra Mundial.
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